O texto de Luciana Laureano Paiva aborda uma questão bastante relevante sobre a condição de indivíduos portadores de corpos amputados e protetizados, buscando compreender os efeitos produzidos pela amputação em seus corpos e na sua própria vida, bem como os sentimentos produzidos pelo olhar dos outros em seus corpos amputados. O olhar daqueles apontados pela sociedade como normais, perfeitos, eficientes, saudáveis e belos.
Este trabalho tornou-se ainda mais proeminente por abordar histórias reais, relatadas a partir de entrevistas com pessoas amputadas e protetizadas que vivenciam o desafio diário de conviver sendo olhado como diferente em uma sociedade onde prevalece o imperativo da aparência e da juventude, que privilegia a eficiência e o dinamismo, onde o corpo passou a ser visto como um artefato de presença que ostenta a identidade do indivíduo, que será classificado e julgado a partir de sua exterioridade.
Dessa forma, falar do corpo humano convoca-nos a falar, a mencionar as tecnologias que dele se ocuparam no decorrer de sua história. Estas tecnologias se que acoplaram ao corpo, invadindo seus territórios biológicos, tanto externo como interno, assumindo múltiplas formas e funções. São as próteses de toda natureza, máquinas que estão cada vez mais presentes na vida das pessoas.
È interessante destacar também que na busca da protetização, tanto o trabalho do fisioterapeuta como o do protetista são de extrema relevância, pois esses profissionais preparam o corpo do indivíduo amputado para receber uma prótese, que passará a ser um acessório pessoal em sua vida.
Retomo as palavras da autora para reforçar a importância e necessidade da reflexão sobre a questão da amputação dos corpos humanos, da busca da correção daquela imperfeição através do uso de próteses e das transformações que o uso dessas próteses traz para a forma de viver das pessoas na contemporaneidade. Ela afirma que para os indivíduos com corpos amputados, o uso de prótese marca a mudança de um estado de ser e de viver para outro, como muitos dos “rituais de passagem” que se vivencia, como o nascimento, o casamento e a formatura, entre outros. Para eles, a mixagem entre o orgânico e o artificial surgiu como uma nova possibilidade de ressignificar a “morte” de uma parte de seus corpos e de um estilo para renascer numa nova configuração corporal, permitindo-se habitá-los novamente, aptos para uma nova vida (2009, p.161).
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